PAZ NÃO É AUSÊNCIA DE CONFLITOS
Entretanto, não deve virar uma guerra.
Politicamente falando, todas as relações geram discordâncias.
E há o sexismo impregnado em nossas estruturas, em nosso DNA.
Foi quando rompi as estruturas, mais uma vez, e minhas palavras foram tomadas apenas por verdades que entendi que quem segue a linha da caboclada não titubeia, como dizem.
É a linha de EXU, onde se paga pra ver mas não se nega o que se vive. Palavra.
Hoje é domingo e refletindo muito sobre amizade e silêncio venho com um café de pretinho velho escrever um pouco. Esses dias Rafiki apareceu pra que eu pudesse ter um motivo, analisei seu nome, sua história, se ele era um macaco ou eu estava louca.
Rafiki em suaili, língua africana, significa amigo, companheiro. E na comunidade LGBTQIAPN+ é um código para algo a mais que amigo.
Parece que a vida está sempre tentando mostrar que por ser intensa o que vivo é inteiramente intensidade.
Tenho dormido o suficiente, mas no meu corpo, meus pensamentos revivem nossas últimas conversas dessa semana. Esse texto se converteu num diário pessoal à bordo do meu barquinho solo.
De canoa, calmo.
Quando você não sabe por que ama, aí está o genuíno amor.
Quando você não tem compromissos ou obrigações, aí está a verdadeira doação.
Quando nada te prende e ainda assim você percebe que decide ficar, isso é permissão divina.
Aprender a lidar com o equilíbrio das emoções. Com ajustes. Com responsabilidade.
É muito lindo encontrar um companheiro, parceiro, amigo, topa todas na doçura e amargura de se estar vivo. É muito bonito romper ciclos, aceitar erros, não romantizar tanto os acertos, e perdoar.
Quando paro, penso, ou vejo casais, sinto uma súbita raiva.
Ou quando vejo todas as relações sendo sexualizadas, corpos interagindo através do ego, também me dá raiva.
E não quero que passe, ou quero modificá-la.
Sei que no seu devido tempo ela irá embora, se dissolverá.
Aceitar o que sinto é parte do processo que vivo porque absolutamente ninguém que eu conheça precisou voltar a se relacionar com a vida do ponto zero ou acompanhou o parceiro mais legal que a vida já te deu até o último respiro nessa vida, e isso é dádiva - merecimento, mas não deixa de ser a pior coisa e a mais atravessadora que já vivi.
Abrir novamente esse espaço dentro de mim, espaço pro amor, espaço pro outro, espaço que não preenche mas expande, amplia; é como se a plasticidade que o corpo e a alma têm ganhassem formas e se tornasse fácil e difícil, ao mesmo tempo. Como o parto.
Quero viver muitas coisas. Mas sou aprendiz do tempo.
Por isso trabalho o que falo, como falo. Por isso calo. Por isso observo, escrevo.
Comentários
Postar um comentário