DIZERES

Dentre todos os recortes de memória, hoje acordei lembrando de todas as vezes que acordamos e calmamente nos dirigimos ao sol. Aninhados, em aconchego, com um chá ou café, com nossa erva santa, incensos, gatos, com tanto afeto preto, que eu VIVI e sim, cura e transcende.


O hiato que vivemos a dois em meio às árvores e ao canto dos passarinhos, o casal de tucanos que nos visitou na casa da árvore. Uma infinidade de coisas. Nossa natureza. Nosso ritmo.
Você colhendo amoras verdes e roxas, trazendo pra mim. Me apresentando flores comestíveis - e eu fotografando as flores bailarinas ou as flores que cantam.

Impossível esquecer. E quase impossível não querer voltar pra lá, pra tudo isso.

Ficar apenas sentados na horta, sentindo a vida e o qual milionário éramos.
Todos os dias você agradecia. E isso me mantinha firme no agora, de uma outra perspectiva.

Acordo em dia de Yeye mon ja, em dia que traz chuvas, com todo esse movimento também de água, dentro.

Esse hiato de minha vida pessoal e de meu trabalho, que perpassa e ressoa em cantos profundos de minh’alma, toca hoje, todas as mulheres que assim como eu vivem um período chamado de “enlutamento”. Não sei se irei aderir a essa palavra. Possivelmente encontre outra.

Em muitas coisas, e em outras culturas - tenha eu em alguma repetição vivido ou não - casa-se muitas vezes. Ou casa-se com mais de uma pessoa - seja em vida ou em pós vida.

Mas em sociedade brasileira atual, casa-se em papel. Engraçado né. 

Em muitas coisas, e em outros tabus não dizidos, apura-se o “papel” - novamente imposto - da mulher viúva, do que fará com sua vida, desejos profundos, casa e contas, ou filhos (quer essa mulher tenha tido ou não descendentes)

Estar em inteireza com nossos ancestrais é tarefa de todo dia.
Eu que sempre me comuniquei com dois mundos, hoje entendo “if it wasn’t for you, I’ll be alone.”

Todos os diálogos interessantes, a soma, o grude, aquilo que é força motriz para estarmos de pé.

Quando comecei a escrever os aprendizados e a registrar de forma a descomprimir minha mente aprendiz de si e dos caminhos muitos, não pensava que o universo-palavra me entregaria toda uma completude em calma. Para lidar com todas essas coisas de alma.
Talvez por isso calma e alma se separem com um c, de certeza.


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