AO CONHECER A DOR DESCOBRIMOS O REAL AMOR EM NÓS
Tocada por águas de oxum e convite para adentrar a um novo território dentro e fora de mim, escrevo.
Escrevo por que a beleza dos sentidos é perceber. E quando o que sinto não é bonito?
Eu li o que Lachimi Jaya escreveu:
Em dias de solitude o coração doía tanto que a única coisa que eu poderia fazer era ficar ali.
Era como se, com a ponta dos meus dedos, pudesse tocar algo semelhante a eternidade.
Quando a dor surge, as estrelas parecem brilhar diferente, o vento toca de maneira única.
A dor nos faz sensível ao toque sútil. A flor está aberta na pele. Por trás e para além, o néctar está ali.
Essa experiência da dor é uma abertura. Uma abertura para o diálogo com o espírito da vida. Dentro das agonias, de caminhos que não levam a lugar algum, qual é a verdade para além do sofrimento? Nas perguntas que oferto ao profundo, encontro motivação para seguir curiosamente a trilha do meu coração.
A dor é uma ponte entre o agora e o adiante, sendo possível seguir em frente quando temos musculaturas inteligentes o suficiente para soltar os pesos de vidas pesadas.
Tem um perfume que nasce da dor, ele tem notas acentuadas de coragem e ternura. Viver a experiência da dor é a arte de ser vulnerável e descobrir quão frágil é a nossa humanidade.
Relutantes a dor levantamos muros, camadas de proteção, e nos tornamos temporariamente indiferentes e insensíveis conosco e com os outros.
Ao aceitar a experiência da dor, a armadura se desprende. Já não precisamos ser fortes para aguenta-la, pois a aceitação torna a experiência suportável.
Os olhos abertos testemunham o movimento ao lado de dentro. Eles se movem calmos, pacientes, atentos. Lentamente eles se movem. Os olhos que veem, testemunham a vida inteira se tornando uma dança.
A alma corre na direção daquilo que é eterno. Tudo que vive na matéria está sujeito a mudança.
Quando a dor chegar, deixar ela estar.
A dor traz sabedoria e sabedoria nasce da experiência. O conhecimento se torna sabedoria quando é compreendido através da experiência. Devemos aprender com nossa própria experiência.
Ao conhecer a dor, descobrimos o real amor em nós.
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