ESPELHO, VOZ E RAIZ
Se é pra brincar, meu quintal é do tamanho do mundo, e nesse espaço que em 18e lá vai bolinha, meus ancestros aqui também estavam, não tão confortavelmente como eu, laborando.
Uma história de altos e baixos, descasos e glórias que começa, na verdade, seis décadas antes, quando surgiu na então Vila Real de Praia Grande em 1827 uma modesta casa de espetáculos no antigo Caminho do Capitão Mor, depois rua da Imperatriz, do Teatro, hoje Rua XV de Novembro.
Quando o grupo @reflexodaterra se formou, exclusivamente para a montagem dessa cena como mostra curta internacional do Festival Niterói em Cena 2025 eu me questionava qual seria o resultado final, dessa entrega de dezoito minutos. Era um imaginário pensar ocupar esse palco com nossas vozes, então logo, cogitei a ideia de associar um canto que a muito tempo estudo e escuto enquanto pesquisadora de grupos e etnias nômades. Em coro, KUNGÔ ecoava em nossas mentes, e logo fecharia nossa apresentação.
Nossos quase dois meses de ensaio reverberaram em nossos interiores, em nossas relações e ressoaram uníssono apesar de todo e qualquer contratempo, emoção e desafio que cada um precisou passar para estar ali. Arte fala muito sobre isso. Ela se apresenta quase que como uma entidade. Ela surge. Evoca. Se manifesta. E logo tudo quase volta a ser comum .. quando as luzes se apagam.
Quando conheci a Blue, não fazia ideia de que formaríamos um DUO tão potente no atabaque.
Duas mulheres pretas entoando toques vindo de outro tempo, algo marcado pra sempre no chão desse palco.
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