ORIGENS GATHERING 2020 - ANO 8

    foto: UTOPIA. Todos os direitos reservados. 

O planeta segue seu curso, o sol segue iluminando e a alma navegando o infinito.

Depois de um bom tempo dentro da hotelaria e do mundo business de uma maneira geral, percebi que eu nunca havia tido a oportunidade de me dar cinco dias off.
Nunca havia tido a oportunidade de me desligar por alguns dias.
Nunca havia tido a oportunidade de ir a um festival de música. E menos ainda a um festival underground. É diferente fazer música, a consumir música, se conectar genuinamente, abrindo espaço para SER, e sem preocupações - ser/estar com ela.

Era Março. 
Mesmo morando no sul do país há alguns anos eu ainda não conhecia a cena underground.
Na contagem 12/60 o tempo corre depressa demais e enquanto nossa vida passa a gente vai se transformando em parafusos dentro de uma engrenagem louca chamada indústria.
Por sorte ou destino me dei conta a tempo. Ou me dei conta do tempo. Arrisquei minhas fichas e meu banco de horas hoteleiro a desligar-me de maneira consciente dessa esfera de produção e desse ritmo de pensamento que vibra na frequência do ter. E de dar o nosso máximo.
"Nosso melhor."

Eram quatro dias fora. Quatro folgas milimetricamente calculadas - e conquistadas.
Infinitas horas livres e um vôo em direção ao infinito me aguardavam em São Francisco de Paula. Cidade vizinha. Uma janela no espaço-tempo. Celebrar a vida.

Falar do Origens me traz muitas sensações.
Algo muito além do que eu poderia imaginar.
Algo libertador e incrível, espiritualmente falando. 
E pode parecer loucura falar de espiritualidade e cultura alternativa, mas não é.
espiritualidade pode ser definida como uma "propensão humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com algo maior que si próprio."

Foi lindo, visualmente falando.

Tudo o que eu puder escrever não será tão forte como os lugares que minha mente alcançou.
Uma outra dimensão, a ponta do iceberg, a cereja do bolo, a despeito de tudo o que eu estava estudando e experienciando nos últimos meses, se não exagero, últimos dois anos.

Cada um de nós escolheu estar aqui e agora no processo de vivenciar a vida humana neste lugar denominado Terra. Cada um de nós está vivenciando um experimento, um intento, de vida material - um tipo de vida física, que precisa da disposição de corpos, para existir.
Essa vida física coincide com a vida espiritual, ou com o propósito de cada ser.
E não só coincide, mas sim faz parte. Co-existe.

Dos banheiros disponíveis, utilizei aqueles coletivos, sem porta. Zero fila.
Ninguém me olhou enquanto tomava banho - em nenhum dos dias. Em nenhum banheiro. Não havia aquela sensação de estou sendo olhada. Cada um cuidava de si.
Pelo contrário, teve até uma situação bem engraçada porque os chuveiros e suas respectivas torneiras eram bem altas, e eu no auge de meus 1,50cm tive que pedir a pessoa da cabine ao lado, logo no primeiro dia, pra fazer a gentileza de abrir/fechar a ducha pra mim.
Ele nem se incomodou - bem capaz.
E a minha sorte é que o rapaz era alto.
A cena toda durou uns cinco segundos, no máximo.
Pessoas ao redor não olharam. Não julgaram. Não pensaram nada. Sequer sorriram. Utópico. Vida. Natural. Normal. Corpos. Livres. Apenas corpos. Isso era aqui? Nesse planeta?

O corpo é o nosso veículo. Ferramenta de interação com o mundo a nossa volta, com o outro.
Por ele acessamos todos os seis sentidos humanos: visão, audição, tato, olfato, paladar e intuição. Acessamos ao campo de akash. E deixamos nossa impressão, nos outros campos.
Tudo o que fazemos para adequar nosso veículo, será o resultado do quão bom ele será para que nossa mente e nossa alma possam habitar e passar pela jornada aqui na Terra.

- Ora, não podemos viajar sem antes "equipar" o  carro, não é mesmo?
(façam alongamentos, bebam água, dancem, façam amor, pedalem, pulem corda, corram)

O veículo equipado - adequado - sempre nos levará em segurança a qualquer parte, e consequentemente, nos elevará.

O CORPO JUBILOSO
.. há quem diga que a alma anima o corpo. No entanto, se por um instante imaginássemos que é o corpo que anima a alma; que ajuda a se adaptar à vida concreta, que analisa e traduz, que fornece o papel em branco, a tinta e a pena, que a alma pode usar para escrever e pintar nossa vida?

Os dias ali tinham um quê de infinito, eram fractais que calibravam em microetapas cada evolução por nanosegundo, e por mais que naquele momento eu não percebesse, a sensação é que duraria pra sempre.
Um dia é apenas um nanosegundo para os ciclos galácticos e acessar o estado de presença e conexão com tudo e com todos é acoplar no nosso lugar, dentro dessa teia cósmica em que estamos inseridos e fazemos parte, e perceber de maneira mais detalhada, o tempo.
Era lua cheia, e na contagem dos tempos galácticos meu kinversário. Tanta sintonia, insight, amor - tantos presentes recebi ali - mas o que mais me marcou foi o Urucum - grata ao seu co-existir, Keurin.
Eu poderia ter voltado meu olhar para tantas outras coisas .. ter ficado sem meu galão de água, sem barraca .. meros detalhes, meros apegos, meros desafios, aprendizados.

Logo na chegada havia um casal de amigos no carro da frente, e um pouco mais próximo ao guichê de revista do portão de entrada, um outro casal que comentava com o segurança ser de Niterói. Aquilo me animou ainda mais, e me fez perceber que de fato, tinha gente ali de tudo quanto era lugar, da minha cidade, e de outros países .. ia até tocar um cara do Japão .. um tal de Jangaramongara.

Outro impacto logo na chegada foi um co-existir simultâneo e independente chamado Talia Maçaira. Sestra. Hermana. Ela estava ali. Sendo ela. E aquilo me marcou.
Meses depois iniciaríamos uma amizade no instagram, logo umas dicas de como criar telas (ela no clima quente de Pernambuco e eu no inverno gaúcho aqui do sul), e um tempo depois um curso.
UAU Origens!
De Talia e arte visionária falaremos logo, mas deixo aqui o link de seu projeto:
https://www.taliamacaira.com/

Havia um espaço para yoga, tenda da cura (apesar de termos nossas considerações de medicinas em espaços alternativos e imerso na natureza - e assim, incomunicável), mesas para refeições, stands, galerias de arte, palestras sobre redução de danos, artesãoes expondo seus trabalhos, conversas de consumo consciente e direcionamento de LIXO.

Havia malabaristas, equilibristas, lira, curupira e caipora, e muitos sorrisos.

Tínhamos três espaços para camping.
Um palco principal e um chill out. Onde tocaram alguns amigos.


 















Sou grata pelos aprendizados Origens, nos vemos numa próxima oportunidade, e a todos os organizadores o meu UBUNTU!


/escrita ainda em construção/



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Para conferir todo o trabalho fotográfico dos irmãos ou adquirir impressa alguma das peças:

https://www.facebook.com/pg/ReligareArs/photos/?tab=album&album_id=3119136478120985&ref=page_internal

https://www.facebook.com/gustavomerolli1/photos 

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