MANDALA DE ALIMENTOS




Coletividade.

Substantivo feminino. Natureza do que é coletivo, do que contém, abrange ou pertence a várias pessoas ou coisas: a coletividade é a essência da sociedade.






Nossa cabeça pensa muita coisa todo dia quando a gente acorda. É o mundo mudando e números assustadores de mortes devido a pandemia. Nossa cabeça pensa muita coisa e dentre elas que existe a minoria não falada. Existem as periferias, mesmo aqui na Serra Gaúcha. Existe esse alcance, e essa vontade de fazer. Nossa cabeça pensa muita coisa e dentre elas, que o movimento coletivo resiste. Que tempo é arte. E resistir é reinventar, reconhecer, retomar, partilhar.

Perante essa perspectiva, desse "novo normal", nos perguntávamos o que poderíamos nós, dentro de nossos privilégios e também limitações, fazermos por nós mesmos e pelo outro?

Essa foi a I Mandala de Alimentos em tempos de COVID-19.

A mandala alimentar é um movimento sem fins lucrativos, orgânico, que se basa em trilhar o caminho da colaboração e da ecologia como forma de sustento.
Atuamos na transição rápida ao patamar de sustentação renovável do planeta por meio do desenho, discussão e implantação de novos modelos de produção e consumo de tipo comunitário, autosuficiente e descentralizado.

Tudo isso envolve doação, troca sincera de coração pra coração, e todas as habilidades holísticas que nos faz ser quem somos

A recíproca verdadeira existe sim, e a gente co-cria ela todo dia! Agradeço a este espaço físico e espiritual - e suas anfitriãs, pela sinceridade e amor ali depositados.

O ano, e o tempo (que na nossa crença ocidental é linear), passam rápido demais quando comparados a tudo o que podemos fazer (ou não fazer) por nós, pelo outro, e pelo planeta propriamente dito.
Perceber a individualidade de cada um, e a forma de "reação" de cada um às adversidades que se apresentam nessa caminhada terrena - que é individual mas compartilhada se torna bem mais leve, é o que de mais inteligente podemos fazer nessa nossa geração, nesse nosso agora.
Se observarmos como a "engenharia" funciona, por consequência entendemos que a pedra na sua função de pedra, a árvore na sua função de árvore, a nuvem na sua função de nuvem, TUDO, vale até colocar em letras grandes, TUDO está cumprinco seu papel ali, naquele momento, o que lhe foi designado pelo arquiteto maior.
E assim também acontece com o que a gente come. Tenho um amigo que sempre diz que a comida é equilíbrio. Na alimentação ayurvédica, e de maneira mais abrangente na cultura oriental, entende-se como comida todo o processo que aquele alimento passou até chegar ali, em nossas mãos, para saciar nossa fome e nos nutrir. Pois esse é o papel do alimento: nutrir.
Há uma filosofia ainda mais profunda que diz que nós não reconhecemos o sacrifício do alimento e o  milagre do corpo em transformar aquilo que ingerimos em parte do nosso corpo também.

Talvez fosse tudo isso o que gostaríamos de colocar ali naquela mandala. Nossos ideais. Entender o que cada uma quer propagar e deixar como sua marca no mundo, ainda que na bagagem de cada uma tenha um monte de coisa diferente. E isso envolve também a maneira como o ser humano se relaciona com a terra, com o consumo, com o corpo e com a alimentação.

Escrever sobre alimentação me lembrou a fala da conectora urbana Sista Kátia que felizmente coloca que existem muitos caminhos, mas a conclusão é que ou a gente se reconecta com a natureza enquanto sociedade, enquanto abundância ou a gente adoece. 

Por respeito a terra e por respeito a todas as coisas que estão juntas, pelas coisas comunitárias, pelas coisas que se come, pelas coisas que vão pra dentro da gente, que são arte, milagre, vida.

Eu sou grata. Que sigamos aprendendo a nutrir corpo e alma.

Da série: as coisas que me unem ao sul do mundo.

"É a minha tentativa de compartilhar essa atmosfera com todos que a minha arte alcança."

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