ABRIL DE DOIS MIL E VINTE E DOIS

Mudanças. Muitas mudanças. Mudanças rápidas, muitas decisões.

Vagando pelos corredores da minha mente logo quando despertei ainda dentro aqui do corpo, li algo que registrei no bloco de notas do celular algum tempo atrás:

"Na vida estamos para aprender sobre dualidades.

Estou disposta ao agora? 
Estou disposta a ser aprendiz?
A ensinar sem impor?
Não conheço o caminho então vou na fé.
Que nunca me desamparou.

Sinto amor no meu coração.
E dúvidas.

Agradeço a casinha fisica do apartamento, 
pelos anos aqui sendo abrigada, sendo locatária, desse lar por mim co-criado.

Tudo que vivi aqui.

Agora é hora de deixar ir. Sem apegos.
Praticar o nada é meu. Nesse plano matéria.

Honrar os saberes, as crenças, minha criança interior, o suor do trabalho, 
sabendo hoje que não tem de ser suado, que não estou escrava aqui.

Os outros não irão entender. 
Nenhum outro humanoide. Mas você vai.

Então pare de tentar explicar, criança.

Mudar-se
MuDAR-se
MudAR-se
Mudar - a SI

Sempre e sempre.
De casa, corpo, família, planeta, galáxia.
Só não de alma.
A alma sempre é a mesma.

Estar aberta. Entender que o que vêm precisa de foco. 
De energia, de luz.

Aqui e agora.
Novos decretos no balançar dessas cordas.

Um tanto de coisa rolando aqui e lá.
E tudo acontece quando estamos prontos para absorver o aprendizado que virá daquele movimento, daquela experiência.

Tudo acontece quando estamos prontos.

Agradeço aos que vieram antes.
Agradeço a mim por me permitir estar aqui.

Mas ELA voltou."

Lembro da sensação incrível de quando peguei as chaves do apartamento, e entrei pela primeira vez.
 
Dancei.

Apartamento 202.

Uma garagem sem bicicletário, e não tinha elevador. Quem liga?
Ali tornava-se naquele momento, o meu espaço sagrado.

Lembro da faxina pesada, de chegar 00h do hotel, de ter apenas uma jarra elétrica, um lençol de flores lilás e verdes, uma colcha de retalhos (que me acompanham até hoje, presente da querida amiga Florence) e velas.
A primeira noite foi na minha cama box de casal paga à vista, e agradeço imensamente a um dos patrões da época que quando soube da minha vida de mochileira e aventureira me colaborou para sair do sofá da casa dos Riegel - o que seriam quatro dias de couchsurfing, acabaram virando a família gaúcha de mãe com gêmeos que a produção separou especialmente para mim - e eu não escolheria outra melhor. Por sorte os gêmeos já eram adultos, mas pude aprender de muitas confissões e contos em profundidade, de todas as conversas desse gestar, taças de vinhos e risotos, e todo amor, que tive ali naquela casa. No prédio verde. Na sala e na varanda do 101.

Me mudar dali me proporcionava privacidade, movimento, receber a minha mãe que estava em processo de separação, e de quebra, tratamento de leucemia. 
Aos poucos fui compreendendo que a cidade de Canela me dava muito mais do que o que eu pedia ou precisava. E logo percebi que na verdade, passamos a vida com tudo à disposição.
O que nos falta é reconexão.

De tempos em tempos escrevo para perceber o que sinto.
Agora recém mudada do 202, avacalhei minha própria ideia de que me mudaria para um "303" e assim seguiria em espiral subindo rs
Mas a mudança que a gente grita da janela e joga pro universo VEM.
E as palavras, o pensamento, está na velocidade do pensou-aconteceu.
E sobre as lágrimas, cito Maria Bethânia:

"Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
 É pra regar o capim que alimenta a vida
 Chorando eu refaço as nascentes que você secou
 Se desejo
 O meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
 Vivo de cara pra o vento na chuva
 E quero me molhar."

Hoje faz um mês que nos mudamos para a casa da árvore.
É domingo, e eu acabei de ver uma série, porque sim, temos internet na floresta.

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