ÑANDE REKO ARANDU
É louco como quando nos deparamos com algo que possui ALMA nosso coração mareja e nossos olhos acompanham através da sensibilidade o mover das àguas - dentro de nós.
O Ñande Reko, trata-se de uma maneira de viver cujo centro é uma espiritualidade presente no cotidiano, no modo de ser, que se realiza em todas as esferas da vida – até mesmo a política. Determina toda uma existência pautada pela noção de irmandade, como filhos e filhas de uma mesma origem, sejam humanos ou não, e todos unidos pela existência em comum, que nos torna intrinsecamente relacionados em um todo que nos abarca sem distinções.
O Mborayu nos torna flores-estrelas do grande jardim cósmico que é Ñamandu, a natureza de todos os mundos.” (PEREIRA, 2010 p. 186).
Ao contrário do que pretende a interpretação católica, Ñamandu não é sinônimo de Deus, mas de um ser andrógeno, um equilíbrio entre as forças masculinas e femininas que criaram a vida; Ñamandu é a natureza de todos os mundos. “Na concepção Ñandewa não há Deus, só há divindades, porque "Deus", como o conhecemos e imaginamos traz em si uma limitação, porque ele como tal não exclui, mas nossa noção d'Ele, é excludente - a começar pelos indígenas - que não constam em nas escrituras.
Conforme o tempo passa pra mim vejo que aquilo que era forte se tornou torrencial: cresce a percepção de que minhas veias latinas estão cada vez mais abertas, e de que há culturas riquíssimas, com sólidas sabedorias ancestrais, sendo devoradas, comidas e tratoradas por esse sistema desumano - mas que é nosso dever guardar, cuidar, disseminar, trazer para o debate.
O termo 'guarani' se refere a uma das mais representativas etnias indígenas das Américas, tendo, como territórios tradicionais, uma ampla região da América do Sul que abrange os territórios nacionais da Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e o território brasileiro (porção centro-meridional). São chamados 'povos', pois sua ampla população encontra-se dividida em diversos subgrupos étnicos, dos quais os mais significativos em termos populacionais, são os caiouás, os embiás, os nhandevas, os ava-xiriguanos, os guaraios, os izozeños, os tapietés, e os tupiniquim - como meus ancestrais. Cada um destes subgrupos possui especificidades dialetais, culturais e cosmológicas, diferenciando, assim, sua 'forma de ser guarani' das demais. Tem indígena que fala pouco, outro que fala muito. Isso vai depender se sua cultura, de seu povo. O álbum abaixo resgata a cultura do povo Guarani com o cântico das crianças evocando o espírito ancestral em cada um de nós e, deixando claro a importância dos cânticos em cada situação de nossa existência. Fiz a descoberta desses cânticos a pouco tempo, e por esse motivo sinto de compartilhar aqui. Nos saberes orais indígenas, apenas com ouvir as palavras, nosso intelecto começa a despertar - se reconhece no verbo ancestral. As músicas são cantadas por grupos de crianças de quatro aldeias Guarani: Sapucaí, na cidade de Angra dos Reis; Rio Silveira, em São Sebastião; Morro da Saudade, na cidade de São Paulo e Jaexaá Porã, em Ubatuba. As gravações foram realizadas na aldeia Jaexaá Porã. Todas as músicas têm por tema a espiritualidade. Os índios Guarani contam que as crianças são puras e seu Deus, Nosso Pai Nhanderu, envia esses cantos diretamente a elas. - A história da cultura do seu povo vem da terra ou do céu? Aqui partilho desse link mágico capaz de despertar nosso interior através do sentido da audição:
https://www.youtube.com/watch?v=l469uaunv6A
Que esses cantinhos possam iluminar aí dentro e tudo o mais do lado de fora.
Com amor,
Lais
“Gosto de ser gente porque sei que a minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu ‘destino’ não é um dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insista tanto na problematização do futuro e recuse sua inexorabilidade.”
Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia.
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