Strength, Courage & Wisdom

PRIMEIRO DE DEZEMBRO DE DOIS MIL DE VINTE E TRÊS.

Uau.

Há um ano arrumamos nossas malas para nossos quarenta dias de férias.
Há um ano chegamos aqui na minha cidade, e você se apaixonou novamente por si, e pela vida.
Conheceu praias, fez amigos novos, experimentou comidas, tomou muita água de coco, conheceu o meu lugar.

Reencontrar o meu lugar (tarefa de quem ficou).
O que eu quero? O que espero? O que faço aqui? Quem eu sou afinal?
Logo eu, que sempre fui o meu lugar dentro de mim, e depois você ser o meu lugar preferido.

Eu li: 
"Ao limite do que é conhecido em mim .. abrirei meu espírito para receber ensinamento e inspiração."

Reorganizar o que ficou de mim, de vida, mudança, felinos, dinheiro para fazer esses movimentos.
As experiências que sigo sendo testemunha, não de agora, mas desde quando escolhi nascer, desde quando a espiritualidade me chamou à existência com sua complexidade e mistério - ainda que de forma inerte - ativo-passiva.

O tempo.

As novas primeiras vezes. As coisas antigas. As coisas novas.

Estive no Seminário das Escolas Vivas na Casa França Brasil no último dia 04 de Dezembro de 2023.

Neste dia, falamos de acordar a memória, dando a mão junto.
Foi importante pra mim, que a minha chegada fosse neste contexto.

Falamos de bem viver, crescimento de valores, experiências coletivas, modo de agir, movimento, tecnologia do cuidado, sentir o corpo, mutações de consciência, trabalho com o reino vegetal, tecnologia do saber, aprender os códigos da cidade e os códigos da floresta, fazer parte, sentir-se parte, saber nascer, saber morrer; como falar sobre acordar a memória do saber nascer e saber morrer?

Fomos escola-viva por um dia inteiro, na presença de plantas professoras, outros mestres, crianças, sol, antropólogos, tradutores, e voluntários da comunidade selvagem, como ciclos de estudos.

Estavam presentes lideranças Maxacali, Tukano, Huni Kuin, Baniwa.

Estavam presentes Cristine Takuá, Carlos Papá, Francy Baniwa, e a floresta inteira na pessoa do Pajé Dua Buse - ativista, pensador, fazedor, e detentor de grande conhecimento das plantas, de seu território e povo.

Estava presente eu, e tudo o que nos aconteceu nos últimos meses.

Strength, Courage & Wisdom
a música que inspira força, coragem e sabedoria

E que vem sendo meu mantra pessoal, minuto a minuto do não-pensar.
Retorno e me abrigo em buda, retorno e me abrigo no dharma, retorno e me abrigo na sanga.
A escrita pessoal, curativa e com poder de reorganização vem sendo aliada, ferramenta necessária para desatolar os sentires aqui do lado de dentro.
Acoplando o mental-racional, focando nos não-porquês, e no não-questionamento daquilo que é inquestionável, imutável.

D
ez sugestões para uma contínua descolonização do inconsciente, dez conselhos, ou mandamentos, que me foram entregues de maneira muito pertinente, nesse giro de vinte nove anos tan incomensurable:


1) Desanestesiar nossa vulnerabilidade às forças. Ou seja, compreender que algumas forças macropolíticas anestesiam os sujeitos prendendo-os em regimes dominantes de subjetividade.


2) Ativar e expandir o saber eco-etológico ao longo da nossa existência. Trata-se de se compreender na condição de vivente, que forças produzem efeitos no nosso corpo, o qual pertence a essa mesma condição e a compartilha com os elementos que compõem o corpo vivo da biosfera.


3) Desobstruir cada vez mais o acesso à tensa experiência da estranheza-no-familiar. Permitir-se participar de experiências que te descolam de certas posições.


4) Não denegar a fragilidade do estado instável em que tal experiência nos lança. Relaciona-se com a desterritorialização e desestabilização que o estado estranho-familiar promove.


5) Não interpretar a fragilidade e seu desconforto como “coisa ruim”. Esta situação de desconforto não é um erro, o mal-estar é da condição (humana), não do sujeito.


6) Não ceder à vontade de conservação das formas de existências. Há sempre uma pressão que se exerce contra a vontade de potência de vida em seu impulso de produção de diferença. Ao contrário, precisamos atualizar o mundo virtual, permitindo que as formas agonizantes acabem de morrer.


7) Não atropelar o tempo do desejo em sua ética de afirmação da vida. Para evitar o risco de interromper a germinação de um mundo novo. Destaca-se que a imaginação não é uma capacidade criativa dissociada da vida, que apenas produz novidades, as quais multiplicam as oportunidades para os investimentos de capital.


8) Não abrir mão do desejo em sua ética de afirmação da vida. O que implica em mantê-la o mais possível fecunda a cada momento, fluindo em seu processo ilimitado de diferenciação de formas e valores.


9) Não negociar o inegociável. Aquilo que obstaculiza a afirmação da vida, em sua essência de potência de criação.


10) Praticar o pensamento em sua plena função ético-estéticoclínico-política. Isto é, reimaginar o mundo em cada gesto, palavra, relação com o outro, outro modo de existir.





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