ANTICAPITALISMO
Prezo por uma abordagem assertiva: que traga discussões de temas que devam ser o espírito do nosso tempo. Ou a gente muda de maneira harmoniosa a forma de lidar com os demais seres, ou o que deveria ser o equilíbrio, e o início da transição para um novo estilo de vida, de baixo impacto, se tornará cada vez mais uma sociedade egoica, que consome de maneira desenfreada, que segue utilizando a tecnologia disponível a cada ano para agredir a natureza, e que se acredita melhor que as outras espécies.
Não quero parecer pessimista. Mas realista. O anticapitalismo descreve uma ampla variedade de movimentos, ideologias, atitudes de oposição e correntes de pensamento e ação que opõem-se ao capitalismo. Num sentido estrito, os anticapitalistas são aqueles que desejam substituir completamente o capitalismo por outro sistema econômico. No meu caso, pelo ecossocialismo e pela permacultura como sociedade de transição, em direção ao "bem viver".
Não importa se é pelo viés espiritual, em defesa dos animais, em defesa de si mesmo, ou em defesa ambiental. O que importa é você começar a entender que de fato, a crise ecológica global somada a pandemia que vivemos hoje, tende a freiar obrigatoriamente o extrativismo e o produtivismo industrial. Se tornará obsoleto tudo isso. Num espaço de tempo e velocidade que a gente talvez nem dê conta de pensar. Tudo é complementar, e não existe base de uma coisa, sem a outra. São indústrias que alimentam indústrias, e o planeta em que habitamos tem um limite de recursos a serem explorados sem que sejam repostos - sem falar daqueles que não admitem nenhum tipo de regeneração.
Não sei ao certo quando comecei a pensar, a me questionar, a ler, ou a me posicionar contra o capitalismo. Não consigo ter essa memória, de alguém que tenha falado isso pra mim pela primeira vez. Tenho alguns recortes de memória sim, mas sempre de um ângulo "minha vivência" e o que eu achava que a galera não estava de fato percebendo: alguns comportamentos e atitudes que eu não via como gentis, com nosso entorno, e com a gente mesmo.
Sempre que eu parava/paro pra tocar uma ideia com alguém sempre escuto que tenho coisas demais na cabeça. Que falo muito. Que sou radical. Que preciso organizar as ideias. Que preciso focar numa coisa só. Talvez escrever seja isso. Organizar as ideias. Quando percebi que tudo o que eu lia eram ideias organizadas de alguém, e outras aqui e ali que foram objeto de pesquisa que fundamentam outras ideias de outras pessoas, eu entendi o porque de eu nunca mais ter encontrado o livro, em arquivo digital, que eu comecei a escrever no mesmo ano em que criei esse blog:
Sempre que eu parava/paro pra tocar uma ideia com alguém sempre escuto que tenho coisas demais na cabeça. Que falo muito. Que sou radical. Que preciso organizar as ideias. Que preciso focar numa coisa só. Talvez escrever seja isso. Organizar as ideias. Quando percebi que tudo o que eu lia eram ideias organizadas de alguém, e outras aqui e ali que foram objeto de pesquisa que fundamentam outras ideias de outras pessoas, eu entendi o porque de eu nunca mais ter encontrado o livro, em arquivo digital, que eu comecei a escrever no mesmo ano em que criei esse blog:
porque nº 01
o livro nunca foi salvo no drive, na nuvem, ou sequer num pen drive, e o e-mail que continha esses registros se perdeu, juntamente com o passar dos anos e sua senha
porque nº 02
o livro deveria ser escrito agora, de uma perspectiva mais madura, com algo mais em profundidade, dentro dessa realidade que estamos vivendo
sinto cheiro de best seller autocrítico - brincadeira, gente.
Hoje aprendi uma palavra nova:
prefiguração
pré-figurar; trazer para o dia-a-dia as expectativas daquele futuro ideal, baseado na ideia "utópica" de "sociedade do futuro". É um exercício de futuro. Só que no presente. Vivendo e criando as condições necessárias para pautar possibilidades. Dentro da verdade e do contexto de cada grupo social.
Parece complicado mais não é. Já existem muitas alternativas que passam bem longe do greenwashing
que tantas empresas insistem em bancar (essa vergonha, sua empresa passa?).
Marketing investigado a fio por quem de fato se importa, e percebe que não dá pra continuar passando pano e fazendo as mesmas escolhas de sempre.
Para entender sobre prefiguração precisamos entender sobre recorte de classe.
Entender sobre recorte de classe é entender sobre cosmovisão e sobre o que a gente come.
Sobre o que escolhemos comer. Que classe é essa, que escolhe? Quem pode escolher?
Quem é greenwashing? rs
Entender sobre recorte de classe é entender sobre cosmovisão e sobre o que a gente come.
Sobre o que escolhemos comer. Que classe é essa, que escolhe? Quem pode escolher?
Quem é greenwashing? rs
Pão com manteiga, leite com nescau. Delícia. Tem um podcast muito maravilhoso do Vegano Periférico, sobre isso. Sobre recorte de classe. E sem querer fiz uma publi.
O termo greenwashing você pode entender como to wash = lavar + green = verde. logo: lavagem verde de cérebro, pra gente pensar que tudo que tenha "selo verde" ou "selo orgânico" está se importando com o planeta em que vivemos e a forma de produzir seus produtos de acordo com as normas do IBD.
Ou como diz no wikipedia: O anglicismo greenwashing (do inglês green, verde, e whitewash, branquear ou encobrir) indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações, empresas, micro empreendedores e governos mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas, falsos selos, e logomarcas,basado em algo que está "na moda" no momento, que é ser "engajado na causa verde ambientalista" sem que sua missão, visão, objetivo, insumos e fornecedores estejam de fato dentro de um sistema não industrial e exploratório. Essa "maquiagem verde" e esses slogans de "ecologicamente correto" ou "vegano" ou "cruelty-free" precisa ser investigado a fundo, por nós que nos deixamos enganar.
Ou como diz a Sabrina Fernandes no Tese Onze, a questão é transformar o mundo.
E o começo dessa transformação parte de cada um, de nós mesmos. Das escolhas do dia a dia. Do micro para o macro. De dentro para fora. E de entender como essas escolhas afetam diretamente o cuidado com o nosso próprio corpo e com o processo evolutivo da humanidade - que numa cronologia ampla, já vem sofrendo há tempo demais. O capitalismo engloba toda a forma de opressão, fomenta e incentiva o desrespeito a todos os outros seres que conosco convivem ou nessa mesma Terra conviveram. Compartilho o trecho abaixo retirado do texto "O que você faria se você soubesse":
E o começo dessa transformação parte de cada um, de nós mesmos. Das escolhas do dia a dia. Do micro para o macro. De dentro para fora. E de entender como essas escolhas afetam diretamente o cuidado com o nosso próprio corpo e com o processo evolutivo da humanidade - que numa cronologia ampla, já vem sofrendo há tempo demais. O capitalismo engloba toda a forma de opressão, fomenta e incentiva o desrespeito a todos os outros seres que conosco convivem ou nessa mesma Terra conviveram. Compartilho o trecho abaixo retirado do texto "O que você faria se você soubesse":
" É cada vez mais evidente a incompatibilidade entre um sistema planetário (clima, biosfera, bioquímica) limitado, que funciona à base de fluxos (de matéria e energia) e ciclos (da água, do carbono, do nitrogênio etc.) e um sistema econômico expansionista, em cujo coração estão uma roda insana e crescente de extração-produção-consumo-descarte e a lógica míope da geração, concentração e acumulação de riqueza a curto prazo. Daí, a percepção de parcela cada vez maior da esquerda radical da gravidade e, em decorrência, da centralidade do colapso ecológico tem se ampliado. Isso é positivo, pois é preciso agregar forças sociais, políticas e ideológicas que estejam dispostas a jogar fora toda a água suja (o sistema econômico) a fim de que se salve o bebê (a civilização humana e, no limite, a vida no planeta como a conhecemos)."
As Forças Armadas britânicas no Oriente Médio estão recebendo carne bovina de uma empresa brasileira cujos fornecedores desmataram ilegalmente mais de 8.000 hectares de terra – incluindo áreas dos biomas Amazônia e Cerrado. O caso foi revelado por um novo relatório da ONG Earthsight, em parceria com a Repórter Brasil. O relatório mostra que a carne bovina distribuída pelo Ministério da Defesa do Reino Unido no Bahrein é fornecida por Frigorífico Sul Ltda (Frigosul), parte do grupo FugaCouros – um dos maiores produtores de couro do Brasil. A empresa comprou milhares de bois de agricultores que foram multados em um total de 33,5 milhões de reais por fiscais do Ibama por desmatamento ilegal, falsificação de documentos e poluição.
Esse é só um dos exemplos e o papo é sério.
Quando percebo tudo isso, percebo também o quanto não dá mais.
Percebo o quanto trazendo esses diálogos estamos contribuindo, em nossa pequenez, com algo muito maior. Percebo a importância de falar sobre isso e desmistificar nosso poder enquanto indivíduo liberto.
A partir disso, trago para a realidade, para o pensamento crítico. Para essa crítica e esse registro pandêmico: o que você faria se você soubesse?
Toda luta tem em seu protagonismo invasões e extermínios que continuam acontecendo, todos os dias, de diferentes formas e em diferentes lugares.
Quando entendemos que o chocolate Nestlé, que a gente compra, está diretamente ligado com o escravismo humano, do reino animal, e do reino vegetal de forma irresponsável, no mínimo nossa postura diante dessa informação, deveria nos moldar a algo diferente do que éramos.
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